Os medos fazem parte do desenvolvimento infantil, e quase todas as crianças passam por fases em que têm receio de situações ou objetos específicos. Estes medos variam de acordo com a idade e estão geralmente ligados a coisas que ainda não compreendem por completo. Felizmente, a maioria deles é temporária e faz parte do processo de descoberta do mundo. À medida que crescem e desenvolvem formas de lidar com situações novas, muitos desses medos vão-se atenuando e, em alguns casos, desaparecem por completo.
Compreender as fases do desenvolvimento e os medos mais comuns associados pode ajudar pais e cuidadores a apoiar as crianças de forma mais eficaz. Cada medo representa uma oportunidade para dialogar, validar os sentimentos e ensinar estratégias de superação, contribuindo assim para o seu desenvolvimento emocional saudável. Vamos então explorar as diferentes fases do desenvolvimento infantil e os medos mais comuns que as acompanham.
Do nascimento aos 6 meses
Nesta fase inicial, os bebés dependem intensamente do contacto físico com o cuidador principal, geralmente a mãe. A ausência desse contacto, mesmo que por breves momentos ou devido a mudanças no ambiente, pode gerar stress e desconforto. Além disso, ruídos intensos, como trovões ou outros barulhos altos, podem despertar reações de medo, uma vez que os bebés ainda se estão a habituar ao mundo à sua volta.
Dos 7 aos 12 meses
À medida que os bebés se tornam mais conscientes do que acontece ao seu redor, começam a sentir ansiedade em relação a pessoas ou situações estranhas. Esta fase é marcada pela ansiedade de separação, em que a criança pode ficar angustiada com o afastamento dos pais, mostrando que já formou um vínculo forte com eles.
Dos 2 aos 3 anos
Durante esta fase, as crianças podem desenvolver medos mais específicos, como o medo de animais. Este receio pode surgir de experiências negativas, como um encontro inesperado com um cão, ou apenas da curiosidade natural da idade, que as leva a recear o desconhecido.
Dos 3 aos 6 anos
Os medos nesta fase tendem a ser intensos e diversificados. As crianças podem ter medo do escuro e de monstros, por exemplo. A imaginação torna-se mais vívida e, por isso mesmo, as histórias ou os filmes que lhe são apresentados podem alimentar estes medos. Além disso, o medo da perda de entes queridos torna-se mais prevalente, refletindo a crescente consciência da separação e da permanência.
Dos 6 aos 10 anos
Nesta fase, as preocupações tornam-se mais concretas. As crianças começam a preocupar-se com danos físicos e perigos em vários ambientes, como a escola, por exemplo. O medo de falhar em atividades escolares ou de se magoar durante as brincadeiras no recreio torna-se comum, refletindo um desejo de segurança e aceitação.
Dos 10 aos 12 anos
À medida que se aproximam da adolescência, as preocupações relacionadas às amizades intensificam-se. O desejo de ser aceite pelo grupo e as ansiedades sociais podem levar a preocupações sobre a dinâmica entre amigos e possíveis exclusões ou conflitos. Esta fase marca uma transição importante na formação da identidade social da criança.
A partir dos 13 anos
Na adolescência, os medos e preocupações evoluem para questões mais complexas, como relacionamentos românticos, independência e planos de vida. A pressão para se encaixar socialmente, experimentar novas experiências e fazer escolhas sobre o futuro, como a escolha da área letiva no ensino secundário, pode gerar ansiedade significativa. Os adolescentes estão na procura da sua identidade e isso pode ser um período turbulento, confuso e repleto de incertezas.
Enquanto os medos são reações normais a situações específicas e tendem a ser temporários, a ansiedade é uma resposta mais intensa e duradoura, que pode afetar a capacidade da criança ou adolescente lidar com o quotidiano. Reconhecer a diferença entre os dois é fundamental para oferecer um apoio adequado e individualizado. Para ter algumas dicas sobre como ajudar as crianças com estes medos, pode explorar o nosso texto "Transformar o medo em emoções positivas". Se perceber que os medos da sua criança estão a tornar-se excessivos ou duradouros, é sempre uma boa ideia procurar a orientação de um profissional de saúde mental. Juntos, podemos ajudar as nossas crianças e jovens a crescerem mais confiantes e resilientes!