Os comportamentos difíceis das crianças podem ser desafiantes, mas, geralmente, escondem as suas necessidades profundas. As ações infantis são influenciadas por emoções e interações com o ambiente e é importante lembrar que certas reações são esperadas em diferentes etapas do desenvolvimento.
As razões podem ser diversas:
Incerteza: Não sabem com clareza o que é esperado delas.
Chamada de atenção: Às vezes, só querem que reparem que elas estão ali.
Expressão emocional: Podem não ter as palavras necessárias para se expressar ou reagir a sentimentos intensos que nunca foram processados anteriormente.
Cansaço ou fome: Algumas necessidades básicas não respondidas podem levar, mais facilmente, a um estado de irritação.
Frustração: Sentem-se incompreendidas em relação ao que é importante para elas e que não é visto da mesma forma pelos pais ou quando algo não acontece como elas imaginaram primeiramente.
Mudanças de regras: Ficam confusas com alterações sem explicação ou inconsistência nas regras.
Ambientes entediantes: Têm dificuldade em lidar com ambientes mais monótonos, como museus ou filas.
Para ajudar as crianças a entender o que é certo e errado, definirem as regras da casa é fundamental. É importante discutir em família e deixar claro o porquê destas regras existirem, garantindo que todos, inclusive os adultos, as seguem. Isto fortalece o sentimento de pertença e responsabilidade. Podem seguir alguns passos:
Reunião familiar: Decidam juntos quais serão as principais regras.
Lista de comportamentos: Esclareçam com pormenor o que é esperado e o que deve ser evitado nos comportamentos de todos os elementos da família.
Rotina: Estabeleça horários para as principais atividades comuns, como a hora do jantar ou a hora de dormir.
Explicações claras: Todas as conversas e interações relacionadas com as regras da casa devem ser tidas de uma forma calma e com uma postura acolhedora.
Consequências justas: Esclareçam o que acontece quando as regras não são cumpridas. Preferencialmente, as consequências devem ter relação com a regra em si e não coisas aleatórias como "Bateu no irmão, logo, não vai ao parque hoje".
A rotina é essencial para as crianças, pois ajuda-as a entender o que se espera delas e a aprender regras sociais. Quando as crianças conhecem os limites, tornam-se mais confiantes e autónomas. É papel dos pais servir de exemplo e oferecer uma orientação contínua.
Reforçar Comportamentos Positivos
Alguns elogios, gestos ou recompensas devem ser dados imediatamente após um comportamento adequado. Isto aumenta a probabilidade da criança repetir a ação no futuro. É crucial entender primeiro o que cada criança considera um reforço e valorizar os pequenos avanços. Podem ser:
Atividades: qualquer atividade de que a criança goste, como, por exemplo, ver televisão, soltar um papagaio ou brincar na casa de algum amigo. Desfrutar da companhia dos pais nestas atividades é um dos reforços mais eficazes.
Reforços materiais: qualquer item ou objeto de que a criança possa gostar, como um rebuçado, brinquedo, roupa ou jogo.
Reforços sociais: carinho, beijos, abraços, elogios ou um sorriso.
Vales: elementos simbólicos que representem alguma coisa mais importante, pelo qual podem ser trocados. Por exemplo, dar à criança um cartãozinho em que está escrito "Vale um passeio no final de semana".
Compensações intrínsecas: sentir-se bem por fazer o que é certo ou sentir-se orgulhoso por ter feito algo bom. Este é o objetivo final de todos os reforços: que as crianças sintam prazer na própria tarefa desempenhada por se terem comportado de forma adequada e independente.
Os reforços positivos devem ser oferecidos mesmo que a tarefa não tenha sido realizada perfeitamente. Por exemplo, se a criança arrumou a cama de uma forma um bocadinho bagunçada, elogie o esforço e, numa outra oportunidade, oriente-a sobre como consegue melhorar nesta atividade. Não devemos dar uma recompensa à criança apenas para evitar uma crise ou porque estamos quase a perder a paciência.
Algumas estratégias podem ajudar a criança a acalmar e regular as suas emoções:
Cantinho da calma: prepare um lugar onde a criança se possa acalmar e "descarregar" a sua raiva de uma forma que não o prejudique a si ou aos outros. Neste lugar, ela pode trabalhar a respiração e expressar fisicamente o seu descontentamento. O cantinho da calma pode ser um lugar com almofadas para bater; um colchão para se deitar; plasticina ou um anti-stress para apertar; o seu "pote da calma"; balões para encher e esvaziar; entre outras coisas que possam ajudar na autorregulação. Este não deve ser um cantinho de punição. Não se trata disto. É um espaço que a criança pode acessar quando quiser, assim como o adulto pode convidá-la a se acalmar caso perceba que ela precisa.
Pote da calma: é um instrumento para auxiliar a criança a acalmar-se. Consiste numa garrafinha de plástico ou frasco de vidro transparente cheio de água, gel ou outro líquido. Juntamente com o líquido são colocados objetos como lantejoulas, missangas coloridas, glitter ou purpurinas. O objetivo é chamar a atenção da criança para os movimentos dos objetos. Esta observação do movimento concentra e acalma a criança.
Ao entender e acolher os comportamentos infantis, os pais não ajudam apenas as suas crianças a comportarem-se melhor, mas, também, constroem vínculos emocionais saudáveis que são fundamentais para o desenvolvimento das crianças. A educação familiar é a base para que elas aprendam a conviver em sociedade, tornando-se cidadãos mais conscientes e equilibrados.